Nos últimos dias refleti profundamente sobre a minha caminhada com Cristo. Estou próxima de completar três anos de volta a casa do meu Pai, e este período, apesar de curto, foi incrivelmente maravilhoso, de uma intensidade sem igual que não posso expressar. Fui tomada completamente pelo amor de Deus, fui transformada radicalmente (semelhante aquele milagre realizado por Jesus na festa de casamento onde a água tornou-se vinho).
Deus me mostrou, me levou à lugares pelos quais eu jamais poderia supor caminhar. Fui lavada, tratada, feridas foram curadas. Fui presenteada com dons espiturais. Vivi, nestes dias, experiências que vão além do que a minha racionalidade pode compreender. Como Deus me surpreendeu! Como Ele pode me surpreender cada dia mais? E como fui amada por Ele, nos dias cinzas, nos dias de sol, nos dias chuvosos, nos dias de tempestade, nos dias de bonança, nos dias de tristeza, nos dias de alegria.
Tenho absoluta certeza que Ele nunca me deixou por nem um segundo sequer desde o dia que eu decidi no íntimo do meu ser me entregar totalmente à Ele. Apreendi a ouvir a voz Dele falando comigo, relevando-me segredos. Tudo isto eu vivi. Tudo isto experimentei, mas em algum momento eu estacionei, me vi enredada por tantas outras coisas. Penso que perdi a dimensão de Deus em mim. Todas as coisas ficaram grandes e Ele tornou-se distante. Encontrei-me acomodada, conformada e abastada.
Não sei ao certo o que aconteceu, nem quando aconteceu. Sei apenas que me senti frustrada em pensar que havia chegado a um determinado ponto da caminhada onde teria que dispensar novos esforços para seguir adiante. E, sinceramente, mesmo após viver tantas experiências maravilhosas, fiquei com preguiça. Não foi uma sensação agradável, senti-me ingrata ao Deus que tanto me amou.
Mas não acredito que esteja falando de algo muito absurdo que ninguém nunca tenha vivido, pelo contrário penso que esta sensação acaba chegando em algum momento da caminhada, mais cedo ou mais tarde, porque somos humanos e fracos por essência.
Nesse momento eu comecei a pensar e rever as minhas convicções, e conclui que, desde que voltei, nunca, nem por um momento, eu desejei voltar atrás. Eu nunca mais quis nada que o mundo pudesse me oferecer. Eu constatei que todos meus anseios estão em Deus e vêm Dele; eu não quero nada que não venha do seu coração, nada que não seja fruto da sua vontade direta e efetiva.
A partir de então eu pensei que não era a única que possuía estes sonhos, muitas outras pessoas querem viver a vontade do Pai, muitos querem ter suas vidas transformadas e impactadas pelo poder de Deus. São muitos os desejosos de trabalharem em prol do Reino de Deus, mas infelizmente não são todos que vivem a vontade de Deus para suas vidas.
Infelizmente a maioria fica apenas na vontade, no desejo, na idéia. E são tantas as idéias que ficam no papel, tantos os planos que nunca chegam a se realizar, tantas vontades boas frustradas. Lembro-me do jovem rico (Mateus 19:16,22). Ele aproximou-se de Jesus questionando o que necessitava fazer para alcançar a vida eterna. Jesus respondeu que ele teria que guardar os mandamentos; porém o jovem sabia que lhe faltava algo. Diante da nova perguntas, Jesus objetivamente mandou ele vendesse todas as suas riquezas, doasse aos pobres e que o seguisse.
Não sabemos o desfecho da história, mas o fato é que aquele jovem retirou-se triste porque possuía muitas riquezas e, ao menos aparentemente, não estava disposto a se desfazer delas.
Não sabemos o desfecho da história, mas o fato é que aquele jovem retirou-se triste porque possuía muitas riquezas e, ao menos aparentemente, não estava disposto a se desfazer delas.
Para mim é claro que aquele jovem queria seguir Jesus, queria herdar a vida eterna, queria viver uma vida cheia de propósitos, mas quando se viu diante da necessidade de tomar determinada postura para alcançar os seus propósitos acabou titubeando. É muito triste pensar que esta situação se repete cotidianamente. Vez ou outra chegamos a momentos nos quais temos que agir, fazer algo que não estamos acostumados ou que não temos muita vontade; mas Cristo nos impulsiona à ação. Nestes momentos, nosso desejo, nossa vontade e a intenção do nosso coração não bastam.
Então eu entendi que o que faria a diferença na minha vida não seria apenas o meu coração voltado para Deus, mas ações capazes de externar este desejo. Eu teria que responder o chamado de Deus para buscá-lo, para renunciar minha comodidade, o tempo reservado para eu nada fazer, e até mesmo as atividades que simplesmente não glorificam o nome Dele!
Não é fácil! Não é qualquer coisa se abster de hábitos comuns, que todos têm, simplesmente porque eles não te levam mais perto do seu Deus, mas eu entendi que era isto que deveria fazer se quisesse prosseguir na minha caminhada com Cristo e não me contentar com as coisas que já vivi.
Sinto que ainda há tanto para viver. Sabendo que Deus é infinito em fazer coisas novas em nossas vidas. É como se Ele dissesse: "Clama a mim, e responder-te-ei e anunciarei coisas grandes e firmes que não sabes" (Jeremias 33:3). Ah Ele tem tanto pra realizar em nós, tanto a fazer em nós, mas para viver coisas grandes e firmes é necessário mergulhar cada vez mais fundo, e isto não é feito sem renúncia, sem preço, não é de qualquer forma, não é de qualquer jeito.
Se você de alguma forma se sente impulsionado por Cristo a tomar uma posição, a assumir uma responsabilidade ou a se abster de algo que às vezes nem é prejudicial, faça. Tome posição. Assuma a responsabilidade. Abstenha-se. Que Deus nos ajude a fazer aquilo que Ele requer que façamos porque vale a pena, eu sei que vale a pena, e não há outro caminho.
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